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Tradução

O arminho dorme – Xosé A. Neira Cruz

Lista de honra do IBBY como tradutora (IBBY Honour List 2012 – translator).
Obra adquirida pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE/MEC) 2011.
Prêmio FNLIJ Monteiro Lobato – Tradução/ Adaptação pra jovens.

Capa do livro O arminho dorme Florença, século XVI. Os poderosos Medici recebem um novo membro na família. Bianca, filha bastarda do grão-duque Cosimo I, é levada para morar com o pai após viver seus primeiros anos de forma simples com a mãe. No palácio paterno, apesar de toda a riqueza, a garota não se sente confortável com as regras rígidas, a distância do pai e a arrogância da madrasta. De maneira poética, Xosé A. Neira Cruz, com diversas referências históricas, recria a atmosfera da Florença renascentista e compõe o retrato da família Medici, com suas ambições e intrigas na busca do poder.

Xosé A. Neira Cruz nasceu em 1968, em Santiago de Compostela, Espanha. É jornalista, editor e um dos mais importantes escritores galegos de literatura infantil e juvenil. O arminho dorme foi considerado um dos dez melhores livros juvenis do mundo, em 2006, pelo Banco do Livro da Venezuela, ganhou o prêmio Raíña Lupa e entrou para a lista White Ravens, da Biblioteca de Munique.

 

Apresentação Nilma Lacerda

Por tanto

O romance de Xosé A. Neira Cruz arrebata leitor e leitora nas primeiras cenas, debruçados todos sobre os túmulos abertos da família Medici. A visão estonteante da moça que parece adormecida, com um arminho a seus pés, e que logo se desfaz em pó, é o início da maior das vertigens – a busca do próprio nome. Nascida na simplicidade, Bianca é levada, da noite para o dia, a viver em uma família na qual as lutas pelo poder são capazes de impedir o nascimento dos afetos generosos ou de matá-los, tão logo brotem.

Para saber quem é, em meio às peripécias do poder e do amor, essa princesa Medici tem no arminho um companheiro fiel, um duplo que a acompanha pelas estradas do eu, até que possa assumir, de forma radical, que é "Bia, a doce Bia", como a chamam o avô camponês e um velho embusteiro de bom coração.

Como importantes coadjuvantes dessa busca, estão o diálogo pedagógico com Agnolo Bronzino, pintor da corte, e as lições tomadas na noite de Carnaval, em que tudo está de cabeça para baixo na cidade de Florença. As alusões a valores como honra e idealismo, os "impossíveis que valem uma vida inteira", as verdades ditas livremente pelo povo sobre o pai, Cosimo de Medici, e o reconhecimento do destino trágico ditado por uma cartomante compõem o mosaico da identidade de Bia.

O tom solene e crítico do cronista, o discurso agudo, refinado e lírico de Bianca, os diálogos populares, os poemas de época constroem uma obra de inúmeras nuances e de leitura essencial para quem acredita que o sentido de existir está em atar a ponta da morte à ponta da vida.

Atar a escrita ao existir e ao resistir, tal o sucesso de Neira Cruz, autor galego, que abre caminhos para ajudar seu povo a manter, em tempos de globalização, o nome próprio.

Para tanto, lemos: por tanto, escrevemos.


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O arminho dorme, de Xosé Neira Cruz. Trad. Nilma Lacerda. São Paulo: Edições SM, 2009.
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