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Ficção que crianças e jovens também leem
As fatias do mundo
Prêmio Jabuti 1998 em Literatura Infanto-Juvenil.
Prêmio Orígenes Lessa 97 da FNLIJ – O Melhor para o Jovem.
Apresentação Bartolomeu Campos de Queirós
O mundo é antigo mas as dores do homem perduram, desde sempre, semelhantes e inalteráveis. Para abrandar perda, falta, desencontro, solidão, provisoriedade, nós nos unimos como sujeitos de uma mesma viagem, possuindo como recompensa pela não escolha a capacidade de reinventar o cotidiano. Quando tal exercício de alterar a força do destino se efetiva pela linguagem da arte, nossa passagem se torna mais digna. E a memória, onde repousam as trilhas vencidas, nos vai confirmando os rompimentos.
Buscar no ontem as emoções de nossa história individual para torná-la coletiva, sem negar as transformações que nos movem hoje, não é tarefa simples. Recorrer a densos momentos de sua existência, atualizando-se por meio de singular construção literária, é o trabalho de Nilma Gonçalves Lacerda nesse seu mais novo livro As fatias do mundo. Como artesã e proprietária de um manual de tapeçaria e sabedora de que viver é feito à mão, a autora nos convida a partilhar desse banquete onde as fatias, de encantos e tristezas, nos são servidas com grande beleza.
Nilma Lacerda pratica uma escritura também para jovens, mas o seu entendimento de juventude alcança limites maiores. Ela reconhece serem jovens todos os portadores de desejos. Como educadora, Nilma sabe da necessidade de atender não apenas às solicitações fáceis geradas e circuladas pela mídia. Ela nos propõe inusitados assuntos que pelo seu poder de análise e construção não nos é possível esquecer jamais.
Em As fatias do mundo, da editora RHJ, o leitor experiencia, no mínimo, duas leituras. Uma primeira quando a autora nos mostra sua relação com a fome de desvendar os segredos do mundo, no dia a dia. Uma segunda nos remetendo a outros alimentos, esses guardados na afetividade e capacidade de inaugurar outros olhares sobre nossa memória e condição. Ler As fatias do mundo é tomar posse de delicados acontecimentos onde suspeitamos grandes deslumbres comuns a todos nós.
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