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Ficção que crianças e jovens também leem
Dois passos pássaros. E o voo arcanjo
(esgotado)
Prêmio Alfredo Machado Quintella da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil -1985
Apresentação Laura Sandroni
Na manhã tranquila, dois tiros quebram o silêncio; a morte voluntária de uma mãe precipita a família na perplexidade e na desesperança. Este é o dramático choque inicial de Dois passos pássaros. E o voo arcanjo, que alterna momentos de intenso lirismo com outros carregados de tensão. Seus temas são a solidão e a incomunicabilidade do ser humano. O ponto principal da trama é o suicídio de Maria Luísa, a mãe, sem razão aparente. Os narradores, Gabriel, menino excepcional, Renato e Renata, pai e filha adolescente e a própria Maria Luísa.
A narrativa se processa através do deslocamento do ponto de vista por cada um desses personagens, oferecendo leituras independentes através das diferentes linguagens: fragmentos de memória, quando fala Gabriel, lógica e emoção nas palavras de Renato e Renata, pura poesia quando Maria Luísa interfere. Simbólica e por vezes difícil, desnuda-se no entrelaçamento de prosa e poesia.
Só naquela manhã a roda-de-fogo estrondou e fez eco de para sempre.
Na busca dos motivos e das razões, as culpas surgem e as agressões cada vez mais duras ferem profundamente. Ao chegar no fundo do poço, pai e filha descobrem que é preciso recomeçar.
Reconstruir implica a gente ir para frente do espelho. Começar a arrancar as máscaras, dar um passo em direção ao outro. Pegar o fio, fazê-lo ponte e estrada.
Pai e filha renascem no amor e na poesia para o difícil ato de reconstrução.
Texto denso, metáforas originais e belas. Uma história tecida de realidade e fantasia. Real é a matéria de que trata – o suicídio de uma mulher e a luta dos demais para conviver com esse fato. Mágica é a forma que toma as narrativas nas mãos de Nilma Gonçalves Lacerda, escritora e poeta, grata revelação do Prêmio Alfredo Machado Quintella de 1985.
Reflexão sobre as relações familiares e sobre a difícil relação do homem com seu semelhante, o texto propõe sua própria leitura: decompor, separar em partes, procurar entender, mas antes de tudo sentir. Em seguida reconstruir, juntar, buscar o sentido global que será um para cada leitor.
Um livro múltiplo, rico e enriquecedor. Uma fascinante aventura para a qual cada leitor está convidado.
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